Nada como um bom papo entre amigas para nos despertar feedbacks, aprendizados e novas visões de mundo. Foi a partir de uma dessas deliciosas conversas + a leitura rápida de um livro nada convencional, “Resolva a porra dos seus problemas” – Soluções simples para os conflitos idiotas que só os adultos sabem criar”, é que me vieram algumas reflexões, que detalharei logo abaixo. “Palavrões à parte”, que certamente funcionam para vender mais, o livro da autora inglesa Laura Jane Williams, é um tratado de bom humor sobre a vida.
Por conta da “síndrome de burnout” – ou esgotamento profissional, a narradora se vê em um dilema. Enquanto sua produtividade cai a zero, o sono se vai e as demandas do mundo do trabalho parecem intermináveis, decide parar tudo. E encontra sossego em um trabalho simples: o de babá. Acompanhando de perto a rotinas das crianças de uma família na Inglaterra, passa a revisar sua mente de adulta e olhar o mundo com a visão alegre e curiosa das crianças. Seja observando os movimentos dos animais no parque, o vento das árvores ou produzindo uma refeição de legumes e colorida e em formato de sorriso.
E passa a se fazer perguntas básicas: é bom ser infantil ou infantilizado? O adulto infantilizado é aquele que tem ataques de birra, pensa somente em si mesmo e não sabe quando deve agir de maneira séria. Já ser infantil incorpora o lado positivo e adorável do comportamento das crianças: travessas, ousadas e entusiasmadas.
Nessa leitura, me veio um “insight”. Queremos ser adultos complexos ou complicados? É claro que, com o passar do tempo, o mundo fica complexo. Temos o amadurecimento biológico e o papel dentro das nossas famílias, para começar. Depois vêm as experiências na escola, as afinidades com os amigos e muito mais: a profissão, os cuidados com a saúde, as finanças e os projetos de vida que incluem parceiros, filhos (ou não)…..
O que seria um jeito complicado de viver? Para mim, é aquele sujeito que procura impedimentos no dia a dia, teme as mudanças de rotina, não cede, não revisa atitudes em nome do orgulho ou da imprevidência, reclama sempre das expectativas não atendidas, fica alterado e raivoso sem se desculpar depois. Viver de um jeito complexo é diferente: é encarar a vida como ela é, cheia de nuances, de altos e baixos, mas pegando leve com os outros depois de um dia estressante, elogiando sempre que possível, respirando fundo e reivindicando um momento para ficar sozinho, apenas para recarregar as baterias. E, por que não, curtir o céu daquele parque onde as crianças se divertem tanto, sentir a brisa no rosto, cumprimentar um estranho com alegria, ver o movimento das pessoas na rua… Não seria bom sermos mais complexos e menos complicados?
Marta Bertelli