Quando as plataformas de streaming pareciam estar fechando suas portas para a sétima arte, com raras exceções, eis uma surpresa: a música inspira uma das mais belas produções disponíveis na telinha. É com encantamento que podemos assistir, com rápido intervalo para o café, ao filme Coda. Do italiano Cauda, o termo representa a última seção de uma produção musical.
Traduzido para o português como “A Última Nota”, o filme apresenta um dos períodos mais delicados da carreira de Henry Cole (Patrick Stewart), um pianista que dedicou sua vida ao trabalho artístico. Afastado dos palcos após o falecimento de sua esposa, ganha novo vigor com o apoio da jornalista Helen Morrison (Katie Holmes). Fã de música erudita, ela mostra-se disposta a escrever um grande artigo sobre o mestre para a revista The New Yorker.
A produção é cuidadosa e os diálogos são de tirar o fôlego. “Os compositores alemães são uma boa companhia”, nos relembra Cole em uma das cenas”. E, a certa altura, com sabedoria, Cole discorre entre os amigos sobre as poucas vantagens de envelhecer, como não precisar dar significado a tudo. O importante é viver aqui e agora. Porém, tudo muda quando um fato inesperado impulsiona a vida desse artista, trazendo-o para a poesia de Goethe… “Acima de todos os picos, uma tranquilidade”… Assista ao filme para conhecer o contexto!
Enfim, as mais belas obras clássicas para piano são a tônica do filme, intercaladas com imagens que retratam sensibilidade e talento sob a batuta do diretor Claude Lalonde. Sim, a arte resgata a vida e o cinema ainda é a morada da imaginação. Essa produção de 2019 está disponível na Netflix.