“Nos tempos difíceis de minha vida, rabiscar frases- ainda que nunca venham a ser lidas por ninguém – me traz o mesmo reconforto que a reza para quem tem fé: através da linguagem ultrapasso meu caso particular, comungo com toda a humanidade.
Toda dor dilacera; mas o que a torna intolerável é que quem a sente tem a impressão de estar separado do resto do mundo; partilhada, ela ao menos deixa de ser um exílio. Não é por deleite, por exibicionismo, por provocação que muitas vezes os escritores relatam experiências terríveis ou desoladoras: por intermédio das palavras, eles as universalizam e permitem que os leitores conheçam, em seus sofrimentos individuais, os consolos da fraternidade”.
Faço minhas as palavras de Simone de Beauvoir! Frio chegando e as chamas se recolhem para novas jornadas. Os tempos são de escrita, de estar entre amigos e de buscar o aconchego das palavras, esta reza braba que exorciza fixações, pensamentos repetitivos e segura as lágrimas. Depois elas serão bem-vindas, lavarão o terreno e nutrirão a terra boa e fértil que o novo tempo anuncia.